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"Os Invisíveis" - Explore a perigosa viagem até à fronteira dos E.U.A.

Conheça a experiência pessoal de Will na sua perigosa viagem até à fronteira sul dos E.U.A. Este requerente de proteção internacional fugiu de Cuba e foi recolocado na Venezuela, de onde teve de fugir, pois estava em risco de ser deportado de volta a Cuba, devido à sua oposição ao regime de Maduro.


Começa assim uma viagem de mais de 6 mil quilómetros para conseguir chegar a porto seguro, onde a ameaça dos traficantes, dos roubos, abusos, da violência e da morte ensombra uma rota já perigosa por natureza. Todos estes desafios são enfrentados por milhares de pessoas todos os meses.


A fronteira estado-unidense com o México tem sido um ponto de afluência de milhares de pessoas que fogem da violência de governos e de gangues, da repressão, dos desastres naturais e suas consequências, assim como da falta de condições e da pobreza extrema. Refugiados, requerentes de proteção internacional e migrantes, de todos os cantos, fazem longas e perigosas viagens na esperança de construir uma nova vida em segurança nos E.U.A. Vêm do México e dos países da América Central e do Sul, mas também de África, Médio Oriente, Ucrânia ou Rússia.


Muitas das pessoas à espera na fronteira continuam a enfrentar desafios adicionais. Entre processos extremamente burocráticos e barreiras legais, acrescentam-se as instalações sobrelotadas, as detenções e as deportações. No ano fiscal de 2022 (até 30 de setembro) foram detidas mais 2.3 milhões de pessoas, atingindo o recorde nas últimas duas décadas.


Muitos direitos humanos são violados pelos agentes fronteiriços sem qualquer impunidade, como o uso de força bruta, abusos sexuais, intimidação ou falsificação de documentos, incluindo ações desumanas como atirar ao rio crianças e bebés ou recusar dar água a grávidas, crianças e pessoas desidratadas, sob o calor intenso, levando muitas pessoas a desmaiarem.


Estas ações seguem a tendência impulsionada pelo Governo de Trump que fez desta fronteira um dos pilares da sua candidatura, prometendo a construção de um muro de 14 mil quilómetros entre os dois países, pago pelo México. Atualmente, a construção concluída pelo presidente Trump, conta com apenas 730 quilómetros, tendo sido totalmente paga pelo próprio Governo e por entidades americanas, ultrapassando em muito o orçamento inicialmente estimado. Com o impasse relativamente ao muro, Trump adotou novas estratégias e em 2018 iniciou uma política de separar as crianças dos pais na fronteira mexicana, que resultou em mais de 2 mil crianças a serem obrigadas a ser separadas de mães e pais. Nesse mesmo ano, Trump anunciou novas medidas para negar asilo e proteção internacional a quem chegue aos E.U.A., fazendo com que nenhuma pessoa que atravessasse a fronteira mexicana de forma irregular pudesse requerer asilo. Esta medida que vai contra os direitos humanos e de asilo, deixou milhares de pessoas vindas de todo o mundo presas na fronteira, levando ao agravar de uma crise já estabelecida.


A administração Biden parou a construção do muro e levantou as medidas da declaração de emergência promulgada por Trump, no entanto as detenções e os abusos continuaram, com mais de 1.7 milhões de pessoas detidas em 2021. Nunca tantas pessoas tinham sido detidas na fronteira, até ao ano passado que atingiu mais um recorde de 2.3 milhões. Há também relatos de pessoas mortas pelos agentes fronteiriços.


Novas medidas e estratégias são frequentemente anunciadas pelos governadores dos vários Estados fronteiriços. A última implica a instalação de uma enorme barreira aquática de 305 metros feita de bóias gigantes numa secção do Rio Grande entre o México e o Texas. Há várias ações judiciais contra esta barreira, acusando-a de ser desumana e perigosa, de não ter tido aprovação federal prévia e de património ter sido destruído na sua construção. O Governador do Texas voltou também a incentivar a separação de familias, tendo já separado 26 famílias desde junho deste ano.


Independentemente da quantidade de muros, vedações, medidas repressivas ou violações aos direitos humanos, as pessoas cuja vida está em risco nos seus países de origem continuarão a fazer percursos perigosos e fatais, desesperadamente à procura de paz e segurança para si e para quem mais amam. Relembramos a frase de Sarah , uma refugiada síria que fez a travessia do Mediterrâneo com o seu filho: "Nenhuma mãe ou pai deixa o seu filho fazer uma viagem com tantos riscos se a opção de ficar não fosse mais perigosa".


Todos estes desafios, o sofrimento e o medo são vividos diariamente por milhares de pessoas. Conheça a viagem de uma delas.



A venezuelana Camila participa num protesto para pedir asilo nos E.U.A. Março 2023. Reuters.

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