A conferência "Patrocínio Comunitário de Refugiados: uma solução duradoura e inovadora" marcou o primeiro evento internacional a debater e a trabalhar a implementação do programa de patrocínio comunitário de refugiados (PCR) em Portugal. No passado dia 22 de setembro, mais de 60 participantes de mais de 30 organizações, reuniram-se no Palacete Gomes Freire, em Lisboa, para pensar sobre o acolhimento de refugiados e sobre as soluções existentes, nomeadamente o PCR.
A Alta Comissária para as Migrações, Sónia Pereira, abriu a sessão sublinhando o compromisso do Governo, na sequência da aprovação do Pacto Global para os Refugiados, em desenvolver e apoiar projetos de PCR.
O primeiro painel, teve como moderador José Manuel Pureza - Professor catedrático na Universidade de Coimbra - e permitiu conhecer melhor o acolhimento de refugiados em Portugal, graças às experiências transmitidas por Maria de Fátima Santos - presidente da direção da Cáritas Interparoquial de Castelo Branco - e às investigações e estudos de Lúcio Sousa - professor auxiliar na Universidade Aberta. A necessidade e os benefícios dos programas de PCR, assim como a viabilidade da sua implementação em Portugal, foram analisados por Elzbieta Gorska do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Para Elzbieta "Portugal tem um compromisso de solidariedade global e também há vontade política. (...) Estamos bem posicionados, como país, para que [o PCR ] aconteça de uma forma estruturada e inclusiva com a participação de toda a sociedade civil, dos refugiados, das instituições com muita experiência e do Governo, que o vai apoiar e promover."
Para José Manuel Pureza "Vivemos um tempo de situações de estado permanente de desafio. Os programas de PCR e outras ferramentas têm de ser compreendidos como ferramentas para dotar a sociedade de capacidades para poder responder. Temos de ter uma sociedade de acolhimento e não apenas políticas de acolhimento."
No segundo painel foi possível explorar as várias vertentes do PCR, através das observações do Diretor Global para o Envolvimento Comunitário da Global Refugee Sponsorship Initiative (GRSI) - Colm O'Gorman. Tendo sido também possível conhecer os poderosos testemunhos, na primeira pessoa, de envolvidos no patrocínio comunitário. Angham Younes e Zouheir Al Fakir contaram sobre a sua experiência como refugiados patrocinados na Irlanda. Este casal, juntamente com a sua filha, foram os primeiros a chegar ao país através do PCR, em 2018. Como ativistas destes programas, promovem o PCR e são agora, eles próprios, patrocinadores de uma família. Para Angham "Este é o caminho a seguir. Esta é a forma de conhecer as pessoas, a forma de lhes dar uma verdadeira oportunidade para impulsionar o seu potencial de serem membros ativos das suas novas comunidades". Seguiu-se o testemunho por parte de uma patrocinadora - Janet Twomey - que lançou a reflexão: "Se cada comunidade patrocinasse uma família, imaginem a diferença que se podia fazer!"
A conferência também proporcionou interessantes momentos de partilha, conversação e networking. Os participantes tiveram ainda a oportunidade de se deliciarem com alguns petiscos ucranianos, confeccionados pela International Culinary Hub, um projeto culinário de refugiados ucranianos apoiados pelo CPR.
A conferência permitiu conhecer mais profundamente o que é o patrocínio comunitário de refugiados, reafirmando este tipo de programas como a solução mais duradoura e mais inclusiva para a agravada crise humanitária, trazendo, ao mesmo tempo, uma maior coesão social e empoderamento para as comunidades que patrocinam refugiados.
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